finalmente, vietnã!

Para ser sincero, meu plano era chegar no Vietnã em até dois anos após ter começado minha jornada e, honestamente eu não sei o que me fez querer ir tanto ao Vietnã. Eu até escrevi um artigo a respeito da revolução no país, mas nada que me despertasse algo tão grande a ponto de eu ficar ansioso para chegar a esse destino.

Como eu relatei no último texto, passei pela Arábia Saudita e a Índia antes de chegar ao Vietnã, eu viajei de Delhi para um outra cidade onde peguei um voo direto para Hanoi. Mais um voo noturno e eu cheguei antes das 6h da manhã na capital vietnamita. O processo na imigração foi bem rápido e simples, comprei um chip de celular pela primeira vez desde que comecei a viajar e peguei um táxi que me cobrou o dobro do preço (sim, isso mesmo, acontece quando você é um turista desavisado em qualquer lugar do mundo, quiseram me cobrar 3x o valor normal em Bali). Devido ao horário não tinha muito o que ver, a cidade ainda estava acordando e dei sorte que minha hoster no Airbnb me permitiu fazer o check-in tão cedo. Eu estava acabado, simplesmente dormi das 8h até as 18h, não senti fome, não senti sede, apenas queria dormir.

A verdade que Janeiro está completando um ano desde que cheguei ao Vietnã, portanto, tem muita história para contar e eu resolvi dividir o texto sobre esse país que eu tanto amo em 3 partes: minhas viagens ao norte do país, no centro e no sul; sem um ordem cronológica porque acredito que seja melhor dessa forma.

Bom, quando cheguei ao Airbnb notei que havia uma grande movimentação nas ruas e tinha bandeiras do país por todo o lado, a correria das pessoas não parecia ser relacionado a ida ao trabalho ou algo do tipo, logo descobri que se tratava dos preparativos para o Tết , o ano novo chinês (ou lunar), esse é o maior feriado do país, onde as pessoas param tudo por uma semana, isso mesmo, 7 dias que as pessoas retornam as suas cidades natal para festejar com seus familiares; quem já viu o caos que é Hanói devido a grande quantidade de motos, até se assusta ao ver a cidade tão vazia durante essa época. Até o mercado fechou durante o feriado, eu sobrevivi a base do miojo =(.  Mas ainda sobre o Tết, após uma semana no país (a mais dificil que eu tive), eu fiz um amigo e ele me convidou para passar a noite do Tết com ele e sua família, foi minha primeira experiência vietnamita, sentamos no chão sobre o tatatame e comemos várias comidas e bebemos cerveja (no Vietnã é sempre um banquete, mas durante o Tết é potencializado, o feriado é basicamente festas e MUITA comida).

Uma outra experiência que esse amigo me proporcionou foi andar de moto. Para quem não sabe, Hanói possui mais motos do que habitantes, o trânsito é uma loucura, os motoqueiros realizam monobras que no Brasil daria briga fácil, mas aqui eles se entendem e o número de acidentes é relativamente baixo! Andar de moto pela cidade me fez sentir vivo, foi uma experiência única e naquele momento eu percebi o quão longe eu havia chegado!

Sobre o norte do Vietnã, eu conheci as seguintes cidades até o momento: Hanói, Ha Long Bay, Ninh Binh, Tam Dao, Haiphong, Mai Chau, Moc Chau, Ta Xua, Lao Cai e Sapa. Basicamente o norte do país é mais cultural devido ter passado menos tempo sobre influência ocidental do que o sul. Tirando o caos em Hanói, a cidade é repleta de monumentos, templos e uma culinária divina (eu engordei 3kg aqui, meu deus!) Hanoi possui 2 grandes lagos que são ótimos lugares para passear, tomar um café ou simplesmente matar o tempo com os amigos. 

A poucas horas de Hanói é possível visitar Ninh Binh, um dos lugares mais bonitos que já visitei no mundo, sério, o lugar é fantástico, os templos, as ruínas, as cavernas, o parque (tentarei compilar algumas fotos para vocês verem a beleza do local). Tam Dao também é super perto, é uma cidades nas montanhas que tem um estilo mais ocidental (aparentemente de forma proposital), Ta Xua também é uma cidade nas montanhas, um frio absurdo e uma neblina que quase não se vê nada, mas um lugar bem acolhedor. Mai Chau e Moc Chau são cidades vizinhas, são conhecidas pela produção de arroz, possui pelos campos de produção. Inclusive essas últimas 3 cidades mencionadas foram partes de uma viagem que realizei com um amigo de moto, de Hanói foram mais de 4h de viagem, uma loucura viajar tantas horas de moto, mas foi uma experiência única, admirar as paisagens do Vietnã de moto não tem preço!

Passei pouquissimas horas em Haiphong, inclusive, conheci um brasileiro durante minha viagem em Sapa que mora nessa cidade, ele disse que tem vários brasileiros morando em Haiphong e que ele estava em processo de trazer a família para morar no Vietnã com ele. Haiphong é conhecida pela culinária do carangueijo e, durante a guerra civil, devido ser uma cidade portuária, foi muito bombardeada. Falando nisso, aqui vai um pequeno resumo da história do país: a França colonizou o Vietnã (Laos e Camboja na chamada "Indochina Francesa) durante os séculos XIX e XX, quando acabou a Primeira Guerra, o Ho Chi Minh (grande líder vietnamita) estava em Versalhes onde as potências vitoriosas se reuniram para decidir os rumos do mundo e perguntou sobre a questão do Vietnã sob colônia francesa, mas foi ignorado. Quando estorou a Segunda Guerra e o Japão invadiu vários países do sudeste asiático, os frances fugiram e deixaram os vietnamitas a própria sorte contre o Império Japonês. Após o fim da Segunda Guerra, com a derrota do Japão, os franceses voltaram ao Vietnã e quiseram "recolonizar" , mas os vietnamitas não aceitaram e ai começou a guera civil no país com a França tentando reaver alguns pontos, nesse contexto, a cidade de Haiphong foi extremamente bombardeada, porém, os militantes após adquirirem experiência em combate contra os japoneses, conseguiram vitórias significativas ao norte que foi a primeira região a conseguir independência frente aos franceses.

Voltando as viagens, Ha Long Bay foi minha primeira tour no país, foram algumas horas de ônibus até o porto onde pegamos um barco para visitar a ilha, ou melhor, o conjunto de ilhas. Provavelmente esse é um dos passeios mais turísticos do país, Ha Long Bay é patrimônio mundial pela Unesco. Lugar de grandes cavernas, templos nas ilhas, águas esmeraldas, o lugar é absurdo de lindo, super vale a experiência.

Lao Cai e Sapa estão localizadas mais ao extremo norte, na fronteira com a China. Um amigo meu é de Lao Cai e me convidou para passar uns dias na casa da sua família e de lá poderíamos visitar Sapa que é apenas uma hora de viagem. Lao Cai em si é uma cidade pequena, a China fica literalmente a um lago de distância, na época eu não tinha visto, então não cruzei a fronteira. Eu fui extremamente bem recebido pela família do meu amigo, muita comida como sempre. Quem já visitou Hanói sabe que não é muito incomum ver 3 ou 4 pessoas em cima de uma moto (geralmente são os pais e as crianças) e eu sempre "critiquei" porque achava um absurdo caber tante gente e o acidente que poderia causar, mas acabei me vendo nessa situação: eu, meu amigo e seus dois sobrinhos (crianças) em cima de uma única moto, obviamente, não é confortável, mas tudo ocorreu bem. Já Sapa é mais turística, é uma cidade nas montanhas e possui o ponto mais alto do sudeste asiático chamado de Fansipan, devido sua altitude e localização, o frio e até a neve no inverno são recorrentes. Confesso que não gostei muito da cidade, me pareceu uma cidade francesa no caos vietnamita, muito turistas, muita rua pequena de difícil locomoção, hostel meio barulhento, estrada meio ruim...enfim.

Por fim, eu havia falado que o norte do Vietnã é mais cultural devido ter passado menos tempo sobre influência ocidental, mas assim como eu mencionei Sapa , não é incomum ver ainda a influência francesa no norte do Vietnã, em Hanói mesmo, ao andar pelo centro, é possível ver inúmeros prédios, geralmente, do governo, que possui arquitetura francesa, confesso que acho bonito. 

Quando eu vim para o Vietnã, o visto, ou melhor, o evisa, permitia uma permanência máxima de apenas 1 mês (era 3, mas mudaram para 1 durante a pandemia), então eu tive que sair do país todo mês e voltar. A primeira vez que eu sai, fui para a Tailândia, na segunda fiz Laos, Tailândia de novo e Camboja e na terceira fui para a Coréia do Sul. Antes de escrever sobre esses paises, continuarei sobre o Vietnã em mais duas partes.