Vietnã - parte 3

Chegamos a última parte sobre o Vietnã e escrevo esse texto completando um ano nesse país que me acolheu tão bem. Na verdade eu nunca entendi o que me atraiu tanto ao Vietnã, pois eu planejava morar por dois anos na Espanha e após esse período eu viria para cá, mas eu fui indo, fui viajando, fui seguindo o fluxo, visitando os lugares que eu queria visitar e quando dei conta, percebi que queria vim ao Vietnã o quanto antes.

Eu tive experiências únicas aqui, visitei as principais cidades do país, vi montanhas, mares, templos, praias, comi comida suspreendentemente deliciosas, fiz amigos, fiz amores, me diverti, me emocinei e continuo vivendo esse país,

Mas vamos agora sobre o sul do Vietnã, em relação a essa região eu conheci apenas três cidades até o momento: Ho Chi Minh City (mais conhecida como Saigon pelos vietnamitas), Nha Trang e Da lat. Minha primeira ida a Saigon foi retornando da minha  viagem do Camboja, e estava MUITO quente. O norte do Vietnã quando é frio, é frio, mas o sul é quase sempre quente. Eu tinha apenas 1 dia e 2 noites na cidade e tentei visitar os principais pontos turísticos. Eu fiz a travessia do Camboja para o Vietnã de ônibus. De Phnom Phen para Saigon de ônibus é em torno de 6/7h de viagem, teve 2 paradas no caminho basicamente para comer e ir ao banheiro, foi uma viagem tranquila e a imigração também foi bem tranquila, só saímos do ônibus e passamos pela fronteira onde o agente da imigração carimbava nossos passaportes.

Eu tinha apenas um dia para aproveitar Saigon e visitei os principais pontos turísticos do país! Acho que já falei isso, mas o norte do Vietnã é mais cultural, enquanto o sul é mais ocidentalizado, inclusive, Saigon é a maior cidade do país, embora Hanói seja a capital. Acredito que após a guerra, o governo decidiu manter Hanói e focar o desenvolvimento no sul. E foi pós guerra também que decidiram mudar o nome de Saigon para Ho Chi Minh City como forma de homenager o líder que sempre lugar pela independência do país, mas os vietnamitas, no geral, ainda chamam de Saigon, acredito que pela costume.

Falando em guerra, bom, eu já estudei muito sobre a Guerra do Vietnã, eu nem gosto de usar esse termo porque eu tenho outra visão desse conflito, mas em relação a guerra, aproveitando que estava em Saigon, fui visitar o Museu da Guerra. A verdade é que eu já tinha visitado o Museu da Guerra de Hanói, e o de Saigon tem uma outra proposta: o de Hanói é basicamente focado na vitória do Vietnã, enquanto o de Saigon trata do conflito em si e é CHOCANTE. Eu super recomendo visitar ambos os museus.

Para começar, o museu tem uma área externa que trata um pouco do período colonial, como uma espécie dos precedentes da guerra, inclusive tem uma guilhotina onde eles falam que os colonizadores franceses trouxeram para...vocês sabem o que- os opositores do regime. Já dentro do museu é separado por 3 andares onde cada um tem uma temática, o último andar é o mais chocante, logo na entrada tem uma placa dizendo que ali naquela sala tinha provas dos crimes de guerra cometidos contra o povo vietnamita. Bom, quem sabe um pouco de história, lembra que a guerra tomou grandes proporções com o uso de armas químicas, o que até hoje afeta os vietnamitas que nascem com determinadas deformações. Sério é chocante, é triste.

Eu sempre falo que o povo vietnamita tem uma liberdade que a gente desconhece, poucos eles sempre tiveram que lutar por ela. Seja nas tentativas da China de anexar o território, onde tem, inclusive, o mito das irmãs Trung: dizem que 2 irmãs subiram em elefantes para lutar contra os invasores chineses em séculos anteriores, não é comprovação que isso de fato ocorreu, mas existem inúmeras retratações desse então ocorrido e até hoje elas são tidas como heroínas do Vietnã. Mas seguindo. pPós período imperial, veio a colonização francesa, os invasores japoneses durante a guerra, depois a guerra civil quando a França tentando reconquistar o Vietnã, depois a guerra, enfim...hoje quando vejo alguns atos que eu não gosto dos vietnamitas, eu sempre penso que aquilo é a forma dele(a) expressar sua conquistada liberdade.

Enfim, também visitei o palácio presidencial que também tem muita história, conta como o sul deu um golpe quando era para chamar eleições no norte e sul para unificr o país, enfim, é uma palácio bem bonito, diretente do de Hanói que é mais simples, talvez porque Ho Chi Minh preferia assim.

Tirando o aspecto histórico, Saigon é uma cidade grande, então é fácil encontrar grandes arranha-céus, lojas ocidentais, turistas, etc. Eu vistei a cidade duas vezes, na segunda vez pude aproveitar por mais dias, fiz amigos (um inclusive me levou de moto para conhecer a cidade), até comi churrasco brasileiro. Tem dois restaurantes brasileiros em Saigon, um é basicamente de churrasco (o que eu fui, mas um horror de caro), o segundo tinha mais opções de pratos brasileiros, mas infelizmente, não pude ir. 

Falando de amigos, esse que me levou para conhecer Saigon de moto me chamou uma vez para visitar Nha Trang pois ele faria um trabalho na cidade, fui pesquisar fotos do lugar e achei lindo, decidi ir com ele.

Outra cidade que estava um forno de quente, porém, é uma cidade de praias e que belas praias. Passsamos 3 dias na cidade, em um hotel super bacana com piscina e um enorme buffet de café da manhã (nem o mais simples do Brasil seria tão barato quanto foi esse hotel), caminhamos pela cidade, curtimos as praias e, o principal: frutos do mar. Fomos em um restaurante que tinha vários aquários, onde os animais ainda estão vivos, as pessoas escolhem os que elas querem e vão se sentar no andar superior, depois vem tudo pronto para gente e estava UMA DELÍCIA, nunca comi frutos do mar tão gostosos.

Não tão longe dali, mas em cima das motanhas tem a cidade de Da Lat, não fui logo em seguida, na verdade fui bem recente. Da Lat é conhecida como "resort" que os colonizadores construíram para passar férias, eu não vi tantos aspectos ocidentais e na verdade  a cidade entrou no meu top3 das cidadas do Vietnã. O ar é limpo e possui uma atmosfera fascinante, tem um templo incrível e é um lugar com cachoeiras, embora eu só tenha ido em uma. Passei poucos dias lá, mas super voltaria, é super indicado para fugir um pouco da cidade grande e relaxar a cabeça.

Por fim, eu tinha falado 3 cidades, mas enquanto escrevia o texto, lembrei de mais uma: Phu Qhoc. Na verdade essa é uma ilha que fica na costa do Camboja, pouco conhecida ainda porque tem tudo para superar as Phi Phi na Tailândia.

Pois bem, os feriados no Vietnã são grandes feriados, de 4, 5 e até 7 dias. Era o feriado de 5 dias da Independência do País e decidi ir visitar Phu Quoc, mas comenti um grave erro que, mencionei nas minhas dicas, eu não chequei o tempo. Phu Qhoc é uma ilha paradisíaca, ou seja, praias, mas assim que o avião estava a pousar notei que o tempo estava diferente do sol de rachar de Hanói, estava chovendo! E não só choveu na minha chegada, choveu todos os dias que eu estive na ilha (depois descobri que era temporada de chuva na região), resultado: não vi nenhuma praia. Já que eu estava lá, tentei aproveitar como deu. Na verdade naquele momento eu estava com a cabeça cheia de coisas, então estava precisando viajar para relaxar, não seria a chova que me atrapalharia. 

Tem uma parte um pouco afastada da cidade que parece até Veneza, um lago, pontes, prédios estilo ocidental e estava rolando vários eventos por conta do feriado, foi divertido, mas caro! Acho que de todas as cidades, essa era a mais cara (falo em relação ao padrão vietnamita). Também aproveitei o Night Market, o templo da deusa do mar e a prisão (eu até mandei mensagem para o meu melhor amigo dizendo que estava indo para a prisão rs). A prisão de Phu Quoc é uma espécie de museu, foi contruída pelos franceses onde esses mandavam os opositores do regime e foi muito usada durante a guerra. Basicamente é um lugar cheio de celas e nelas tem uns bonecos que fazem a representação de como funcionava na época, então é possível ver simulações de tortura, por exemplo, é um lugar bem pesado para se visitar (como eu disse, o povo vietnamita passou por muita coisa para conquistar sua liberdade). Ah, tem um túnel que foi contruído pelos prisioneiros para escapar, um dos poucos bem sucedidos. 

Chegar na prisão foi um dos maiores perregues por conta da chuva. Quando eu chamei o mototáxi não estava chovendo, mas o lugar é um pouco afastado da cidade e pegamos uma nuvem no meio do caminho, ventou muito e a chuva estava cortante, passei por essa situação tanto na ida quanto na volta (o motorista me esperou poius não tinha outros mototaxi por perto, isso é bem comum em cidades menores, não foi a primeira vez que o motortáxi me esperou, é bom para ambos os lados). Retornei ao meu hotel ensopado mesmo tendo usado capa de chuva, E apesar de não ter visto as praias devido a chuva, eu que sou um entusiasta de história e cultura, procurei meios de aproveitar a cidade. Ah, um outro aspecto interessante de Phu Qhoc, o ônibus é interamente grátis!  É uma frota nova de ônibus, tem algumas linhas aqui em Hanói que também são de graça, mas bem poucos pois a cidade é bem maior, mas como a ilha é pequena, você consegue se deslocar aos pontos principais de ônibus (tem até wi-fi) e o ponto inicial dele é exatamente no aeroporto, mas eu não sabia e acabei pegando um táxia na chegada =(.

Eu não sei quanto tempo mais eu ficarei no Vietnã, como eu disse, fez um ano que eu cheguei aqui, sempre partindo e voltando, acho que aqui se tornou meu lugar de retorno, é fácil viajar daqui, é confortável, é barato e eu tenho amigos e, particulamente, nunca me senti conectado com outro lugar como me sinto aqui, mesmo depois de visitar mais de 15 países. Eu sempre penso em seguir viagem, encontrar um novo lugar para morar, mas acho que enquanto eu não encontrar um lugar ao qual eu me sinto verdadeiramente conectado, não faz sentido mudar, mas enfim, eu estou sempre mudando de opinião também, sempre tento seguir o fluxo.

Por fim, quando eu cheguei no Vietnã, o visto de turista só permitia ficar no país por 30 dias, ou seja, a cada um mês eu precisava sair (por isso eu sempre saia e voltava), essa regra foi estabelecida durante a pandemia e só mudaram em agosto de 2023. A minha primeira saída foi para a Tailândia, onde eu conheci 3 cidades, mas essa história fica para o próximo post.