Vietnã Parte 2
Continuando sobre minha jornada no Vietnã (que inclusive no momento que escrevo isso ainda não acabou), decidi relatar minha experiência na região central do país. A verdade é que conheço muito pouco dessa região, vistei apenas 2 cidades, portanto vou aproveitar para fazer uns relatos gerais.
Saindo de Hanói, planejei minha ida até a cidade de Da Nang (3ª maior cidade do país e famosa pelas praias e pela aquela passarela com duas mãos segurando), mas no meio do trajeto decidir ir até Hoi An (o ônibus fazia o trajeto até lá). de Hanói até Hoi An são 14h de ônibus, sim, é uma viagem longa; enquanto Hanói se localiza no coração da região norte, Hoi An está no litoral da região da central do país. Quem já viajou de ônibus pelo Vietnã sabe que é uma viagem um pouco incomum, primeiro porque os ônibus, na maioria das vezes, são "sleep bus", ou seja, eles possuem camas para você dormir, e diferente do Brasil, você não paga nada a mais por isso, é claro que existe camas e camas e as mais confortáveis, obviamente, serão mais caras! Eu nunca viajei de ônibus no Vietnã que não tivesse cama, é extremamente comum. Mas além disso, também pode ser comum muitas paradas para pegar passageiros na estrada (acredito que eles paguem direto para o motorista nesses casos) e também, viajar de ônibus pode ser uma aventura já que o trânsito vietnamite é bem incomum como relatei na primeira parte.
Hoi An é uma cidade pequena, mas bastante charmosa. É conhecida como "cidade das laternas" pela tradição de fazer laternas e colocar sobre o lago da cidade com um pedido, é bem comum ver a cidade ao anoitecer, os turistas pegam os barquinhos, ascedem as laternar e fazem seus pedidos, é uma cidade muito bonita de se ver, porém, não saberia dizer o impacto ambiental desse ato.
Hoi An também possui um mercado noturno, que é ótimo para fazer um lanchinho com comidas típicas e, acredito que vi mais turistas do que cidadãos, ao menos na parte central da cidade.
No meu segundo dia, aluguei uma bicicleta (um ano no Vietnã e ainda não sei andar de moto por puro medo desse trânsito que ainda não me acostumei) e corri até a praia, literalmente eu corri, até presenciar uma senhora também numa bicicleta pedalando na maior calma possível, naquele momento eu parei e pensei "por quê eu estou correndo? Qual é a necessidade?" Não era como se a praia fosse fugir do local ou algo do tipo, mas percebi que eu estava acelerando porque esse era o ritmo de Hanói ao qual eu estava inserido, o ritmo da cidade grande, da capita e, então, desacelerei e foi a melhor escolha possível, eu pude presenciar a paisagem que se desbravava no meu caminho e foi lindo, os pastos com os búfalos (é mais comum ver búgalo aqui do que boi), os campos de arroz e então eu cheguei na praia. Bom, eu sou carioca, o mar não é uma novidade para mim, mas fazia tanto tempo que eu não via o mar que senti nostálgico.
Como eu tinha falado na primeira parte, o Vietnã me proporcionou sentimentos únicos, como o de me sentir realmente vivo e, a verdade, é que ele continua me proporcionando esses sentimentos únicos, a amosidade do povo vietnamita, o acochegando para te receber, é um povo que realmente te faz sentir em casa, acho q por isso passei tanto tempo aqui.
Eu não falei muito sobre mina ida até Lao Cai, eu tinha ido com um amigo que é de lá, a família dele me recebeu tão bem, mesmo sem eu falar a língua deles ou eles a minha (nem mesmo inglês), eu fui extremamente bem recebido, sempre muita comida com sorriso aberto falando para eu comer mais mesmo que eu nao aguentasse mais. O Vietnã é único, cada lugar é único, mas as experiências que eu vivi aqui foram únicas, genuínas que me mudaram minha vida para sempre.
Mas voltando a Hoi An, eu passei poucos dias nessa cidade charmosa, super recomendo uma visita. Eu decidi voltar a Hanói de avião, seria muito cansativo pegar mais uma viagem de 14h em tão pouco tempo. Então me desloquei até até o aeroporto de Da Nang (40 minutos entre as duas cidades) e retornei a Hanói.
A segunda cidade que vistei na região central do Vietnã foi em Hue, não vistei as duas cidades uma seguida da outra, foram em momentos diferentes. Para Hue eu estava em Ho Chi Minh City ou Nha Trang, sendo sincero, eu não lembro, ambas cidades ficam ao sul e eu viajei do sul até Hue de avião.
Chegando em Hue, estava um absurdo de quente, mas apesar disso Hue está no meu top3 das minhas cidades favoritas do Vietnã e aqui vamos de mais história: antes dos franceses chegarem e colonizarem o país, o Vietnã era um império, sua última dinastia foi a Nguyen (inclusive esse deve ser o sobrenome mais comum dos vietnamitas) e Hue, provavelmente por se situar exatamente no meio do país, era a capital imperial.
Isso significa que Hue é uma cidade histórica e eles preservam isso, você não vê muitos simbolos de modernidade na cidade, acredito que eles preferiram investir em Da Nang que fica a menos de 2h de Hue. Para quem ama história como eu, se apaixona fácil por Hue! A cidade possui várias ruínas, tombas dos antigos imperadores e mantém sua citadel imperial (basicamente o palácio do Imperador). Inclusive visitando a citadel, é possível ver os vietnamitas trajando vestes tradicionais para posarem em fotos em frente ao palácio (cena comum que também presenciei em palácios e templos na Tailândia, Coréia do Sul, Japão e China).
Andar na cidade é como voltar ao tempo, mas para além da história, Hue tem um ponto bastante interessante: o parque aquático abandonado. No meu segundo dia na cidade, peguei um mototaxi que me levou até o famoso parque abandonado, toda ornamentado com um enorme dragão, é incrível e honestamente, um desperdício o parque não funcionar mais, porque o calor que tava...mas em contrapartida, se estivesse funcionando, talvez não seria tão famoso e não forneceria as fotos maravilhosas. Acredito que o parque foi abandonado porque fica bem distante da cidade, em uma parte até meio isolada, o meu mototaxi inclusive teve que me esperar para retornar pois para ele seria ruim voltar aquela distância sem passageiro e para mim não teria nenhum outro motorista na região para me levar de volta. E com ele eu fui até um templo famoso da cidade e retornei ao hostel.
Assim como Hoi An, Hue também possui um mercado nortuno e por sorte, meu hostel ficava bem na rua onde acontecia o mercado, então deu para aproveitar o que o mercado tinha a oferecer. Hue tem o famoso, um macarrão com sopa, carne e especiarias, é um prato bem picante, mas bem gostoso.
Também passei poucos dias em Hue e como tinha chegado a cidade por voo, retornei a Hanói por ônibus, uma viagem de 12h bem cansativa, mas que pelo menos tinha cama haha.
Um pouco além dessas experiências na região central, eu acho que após muitas idas e vindas no Vietnã me mostrou que aqui se tornou meu lugar seguro, não é só o lugar que eu fiquei de certa forma acomodado, mas se mostrou o lugar que eu posso sempre retornar, eu conheço aqui, eu conheço Hanói, eu tenho amigos aqui, o que torna o retorno mais fácil. A primeira vez que eu fui a Coreia do Sul, eu me senti extremamente solitário e, depois de poucos dias, decidi retornar a Hanói porque sabia que aqui não enfretaria esse sentimento.
Aqui eu conheço a comida e as coisas baratas, o salário minímo do vietnamita é maior que do brasileiro e o custo de vida é menor, me permite desfrutar de uma vida que eu não desfrutava direito no Brasil.
Os filmes vietnamitas são execelentes e até possuem legendas em inglês, o primeiro que eu vi quase me fez chorar na sessão. Acho que os turistas aqui pouco sabem que os filmes tem legenda em inglês porque normalmente eu sou o único estrangeiro na sessão. Falando em filmes, tem um filme que assisti recente na Netflix que trta do período colonial e como algumas pessoas já lutavam contra os colonizadores, é um filme dramático e bem emocionante, não sei se está disponível no catálogo do Brasil, mas segue o nome: Song of the South. Trata da busca de um rapaz pelo seu pai, que é um "rebelde" frente ao governo colonial e ele viaja até a porção sul do país para encontrá-lo. E falando em sul, o próximo texto será sobre minha experiência na região sul do Vietnã que vai muito além de Ho Chi Minh City. Nos vemos na semana que vem!








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