muita história no camboja
Em relação ao Camboja, eu não fui naquele templo super famoso (Angkor Wat), me reservei a capital, até cogitei em ir até a cidade desse famoso templo, mas o calor estava demais no país e andar o dia todo em um templo no calor de 40º não se mostrava muito atrativo, mas confesso que não me arrependo da minha decisão.
Tirando o Vietnã, de todas as minhas visitas, o Camboja foi o que eu mais mergulhei na história, talvez seja porque não tinha muitas atrações na capital, Phnom Phen, ou porque ainda era uma história bem recente para os cambojanos.
Vamos contextualizar: como eu havia comentado anteriormente, o Camboja fez parte da chamada "indochina francesa", que também incluia o Vietnã e o Laos , territórios que foram colonizados pela França. Assim como o Vietnã e o Laos, o Camboja também tinha militantes comunistas, mas esse se encontrava em duas vertentes, uma conhecida como "street" (pró-Vietnã) e a "rural" (anti-Vietnã), com o fim da ocupação francesa, o braço rural que depois ficou conhecido como "khmer vermelho" se sobressaiu e promoveu uma série de transformações no país, o que ficou conhecido como um dos períodos mais sangrios e sombrios da história cambojana.
Sua ofensiva se deu no início de 1968 com o objetivo de conquistar o país, a parti dai eles passam a ganhar cada vez mais espaço gradualmente, muito se dado pela inércia do monarca Sihanouk. Já 1970, o rei é deposto pelo premier Lon Nol, com o apoio da assembleia nacional local. O Reino do Camboja passa a ser República do Camboja com Lon Nol como presidente de um governo que se revela bastante impopular. Enquanto isso, o Khmer Vermelho vai conquistando apoio público, especialmente depois que o rei Sihanouk, ainda com muito prestígio, declara-se líder nominal do movimento Khmer Vermelho. Era uma questão de tempo até a ascensão dos comunistas.
Como eu havia dito, houve também bombardeios estadunidenses no Camboja, (assim como no caso vietnamita, eram destinados a conter os comunistas locais), o que levou ao apoio final que o Khmer Vermelho precissava, pois nas áreas atingidas, sempre ocorria a adesão em massa da população ao movimento de esquerda.
No 1975 o Khmer Vermelho chega ao poder e funda o Camboja Democrático, anos depois foi revelado que seu líder era Pol Pot, Para o líder do khmer vermelho, a sociedade urbana era corrompida e deveria ser substituída por uma mais pura, chamada "Novo Povo", essa deveria ter sua origem a partir da população rural, a qual sob orientação correta, criaria uma sociedade cambojana mais forte e dinâmica (lembram que eu falei que o braço rural do partido se sobressaiu?).
O dito khmer vermelho sob a liderança de Pol Pot iniciou um programa que incluía a evacuação total das cidades e formação de fazendas coletivas, onde era imposto o trabalho forçado, o que levou a milhares a óbitos devido a fome (a alimentação era quase inexistente) somado as péssimas condições de trabalho. Para o khmer, os adultos eram considerados "envenenados pelo capitalismo", assim o regime se voltou para as crianças, que eram doutrinadas nos princípios comunistas, e recebiam papéis de liderança em torturas e execuções. Livros eram queimados, escolas, hospitais, fábricas, bancos e até a moeda foram extintos. Todos os de origem não-cambojana eram perseguidos e executados, mas também o mesmo ocorria com os cambojanos que trabalharam para o regime francês, sem conta os que eram contra o regime de Pol Pot. É estimado que em torno de 1 milhão e meio de mortos de uma população de 8 milhões.
Mas por que eu estou falando tudo isso? Porque na capital Phnom Phem existem duas espécies de museus dedicados a esse período, durante a visita, é fornecido tipo um pequeno rádio com gravações que você vai ouvindo durante a visita e é algo pertubador.
O primeiro lugar que eu vistei foi o "killing fields", o lugar em si tem poucas estruturas, eu ia caminhando e parando em uns "check-points" e o áudio ia avisando o que acontecia em cada check-point, é pertubador demais para mencionar aqui, mas como o próprio nome diz, era um lugar onde os cambojanos eram enviados para terem suas vidas ceifadas, inclusive bebês, o principal monumento do museu é, na verdade eu não sei como chamam, mas vou colocar a foto. Dentro desse monumento tem uma série de crânios encontrados, dos dois gêneros, de várias idades, além disso é possível encontrar check-points com roupas das vítimas por exemplo, além de outras coisas. Também tem um espaço dedicado ao um pequeno documentário sobre esse período, o local, etc.
No meu último dia, visitei uma escola que havia sido transformada em prisão durante o período do khmer vermelho, nem preciso dizer o que acontecia nessa prisão, inclusive, dela partiam os prisioneiros que eram condenados a morte e enviados para o killing fields (sim, eu não vistei em ordem). Nessa escola que hoje é um museu, é mantido a estrutura de quando foi uma prisão, com histórias do lugar e das vitímas, é também possível encontrar alguns sobreviventes no local vendendos livros (infelizmente não pude comprar).
Enfim, essa é a triste história do Camboja, minha visita nesses dois espaços mexeu muito comigo, eu já conhecia a história, mas ver ali de perto e ouvir as histórias provocada sentimentos tristes e pertubadores.
Mas obviamente não foi só isso que fiz no Camboja. Como eu tinha falado, estava MUITO quente no país, mais de 40º, fora a sensação. Eu confesso que não gosto de me hospedar em hostel porque me incomodo fácil e sou muito sensível a barulhos e luminosidade para dormir, mas até que tive uma boa experiência no hostel em Phnom Phen basicamente porque tinha piscina! Minhas tardes na capital eram basicamente me refrescando na piscina, dava preferência a conhecer os lugares pela manhã e ao anoitecer. Além disso, a estádia em si foi agradável, sem grandes pertubações.
Também fiz amigos e fui em uma baladinha LGBT+ (o que eu, honesmente, não esperava encontrar no Camboja) e tinha até show de drags, a experiência foi extremamente divertida.
Em relação a comida, lembra um pouco a da Tailândia e do Laos, comi um peixe sasonal do rio mekong na minha primeira noite e normalmente comia no mercado local ontem tinha um restaurante com vários opções e um preço bacana (e chá gelado grátis!!!!!).
Phom Phen também tem outros monumentos pela cidade, afinal o país sempre teve uma monarquia (inclusive durante o período colonial e o rei havia se exilado durante o período do khmer vermelho, mas retornou após a queda do regime, hoje o país é uma monaquia parlamentar).
Por fim, aqui vai algumas coisas curiosidades e coisas que eu notei durante minha estadia: a moeda do Camboja é extremamente fraca, o uso do dólar é EXTREMAMENTE comum, é possível ver o preço das coisas em dólar em vários lugares; é possível ainda ver algumas referências coloniais, além de algumas placas com escrita francesa, eu achei a estrutura do supermercado bem parecido com o estilo francês, tem até uma sessão só de queijos (não provei para ver se era tão bom quanto o queijo francês); apesar do ponto anterior, é possível também ver uma grande influência chinesa, mas na forma de projetos, eu andando pela cidade vi inúmeros projetos chineses de infraestrutura e também parece que os chineses fizeram alguns cassinos na cidade; por fim, andar a noite pelo rio mekong, apesar do calor ter persitido, foi um passeio agradável.
Aos que leram até aqui, agradeço a oportunidade de dividir minhas histórias e experiências com vocês. Quem acompanha meu blog, provavelemente deve ter notado que eu lancei minha agência de viagens, o objetivo dessa é promover um turismo diferenciado, não só para mochileiros, mas para todo viajante que deseja experiências diferentes e vivas, para além do comum, assim como foi essa minha imersão a história do Camboja, mas é muito além disso, é vivenciar a cultura, as pessoas, a história, memórias valem mais do que monumentos e fotos, viajar sempre é uma experiência única e quando você mergulha de fato na cultura daquele lugar que você visita, sua mente se abre de inúmeras formas, nossa compreensão das coisas se transforma, nossas vivências se edificam, nossas relações se otimizam e se potencializam!
Aqui mesmo no blog, tem um link direto para agência de viagens no cabeçalho e na página tem alguns banners exemplificando algumas das minhas propostas. Aos interessados, fiquem a vontade para entrar em contato ou fiquem a vontade também para compartilhar. Agradeço desde já!
De Phnom Penh eu voltei ao Vietnã, mas voltei de ônibus e foi minha terceira viagem de ônibus atravessando 2 países (a primeira vez foi entre a Espanha e a França, a segunda entre a Bulgária e a Romênia). Foram em torno de 7h até Ho Chi Minh City, foi uma viagem tranquila. Tivemos que descer do ônibus no ponto de fronteira para passar na imigração e após os passaportes carimbados pelas autoridades vietnamitas, regressamos ao ônibus. Mas como eu já falei da minha viagem em HCMC, seguiremos. Depois de mais um mês no Vietnã, após muito cogitar meu próximo destino diante das minhas possibilidades, eu decidir ir para a Coreia do Sul, na verdade, fui para Seoul duas vezes, a primeira eu não me senti muito bem e acabei encurtando e não aproveitando a viagem direito e retornei para uma segunda vez, o que foi bem mais proveitoso, mas isso ficará para o próximo post. Nos vemos novamente na próxima semana.
Usei o https://www.infoescola.com/asia/khmer-vermelho/ como fonte para me ajudar a compor a parte sobre a história do khmer vermelho no Camboja.




















